FMI DEFENDE UMA RETIRADA GRADUAL DOS SUBSÍDIOS, PARA TENTAR AMENIZAR OS SEUS EFEITOS E DAR TEMPO PARA ADOTAR MEDIDAS DE MITIGAÇÃO EFICAZES
Luanda: O representante do Fundo Monetária
Internacional (FMI) em Angola, Vitor Lledo, defendeu esta segunda-feira, uma retirada gradual e multifaces dos subsídios, dos combustíveis
para tentar amenizar os seus efeitos e dar tempo para adotar medidas de
mitigação eficazes.
Fonte: Ang24h
As declarações foram feitas em
conferência de imprensa, em Luanda, após a apresentação do relatório do
conselho executivo do FMI no âmbito do Artigo IV, que analisa anualmente a
economia angolana.
O responsável defendeu que a
continuidade da retirada das subvenções é “muito importante” para garantir o
processo da consolidação fiscal que está contemplado no Orçamento Geral do
Estado para 2024, embora reconheça que se trata de uma reforma “complexa e
delicada”
Por isso, é necessário que seja
precedida por uma “comunicação estratégica” e medidas de mitigação adequadas,
considerou.
Sobre o fim das isenções para
taxistas e mototaxistas, decretada a partir de 30 de abril, afirmou que a
medida não estava a ser efetiva e não atingia os beneficiários que deveriam ser
efetivamente compensados.
Para Vitor Lledo, é importante
identificar medidas mais focalizadas, como as transferências monetárias para as
famílias do programa Kwenda, que pode ser expandido das áreas mais rurais para
zonas urbanas, já que tem a capacidade de atingir as camadas vulneráveis da
população, sugeriu.
Questionado sobre se haverá
condições de prosseguir este ano com a remoção das subvenções, face à elevada
taxa de inflação e à desvalorização do kwanza, Vitor Lledo sublinhou que o FMI
sempre defendeu uma retirada gradual e multifaces dos subsídios, para tentar
amenizar os seus efeitos e dar tempo para adotar medidas de mitigação eficazes.
“Somos bastantes sensíveis à
questão do custo de vida e situação de pobreza e vulnerabilidade da população,
as nossas recomendações vão sempre no sentido de que é importante seguir a
consolidação fiscal sem atingir despesas em áreas sociais e despesas de
investimento”, insistiu o economista, salientando que “há margem de manobra” na
melhoria da eficiência de investimentos públicos e da arrecadação tributária
não petrolífera.
Advogou também um melhor controlo
dos gastos correntes que não sejam prioritários, apontando entre as prioridades
áreas como a saúde, educação e saneamento.
Por outro lado, as autoridades
angolanas devem prosseguir reformas com objetivo de apoiar uma taxa de câmbio
flexível, com um sistema de metas inflacionárias “credível”, e melhorar a
eficácia dos instrumentos de política monetária para enxugar a liquidez, bem
como a coordenação entre Banco Nacional de Angola e Ministério das Finanças.
Vitor Lledo deixou uma perspetiva
otimista de recuperação do crescimento económico este ano, sublinhando que “as
dinâmicas no setor petrolífero que vão ter impactos também no setor não
petrolífero”.
O FMI estima que a economia
angolana cresça 2,6% este ano, mas alertou para riscos “elevados” da forte
dependência do petróleo, vulnerabilidade da banca e divida elevada com acesso
incerto aos mercados.
As conclusões constam do relatório
do conselho executivo do FMI no âmbito do Artigo IV divulgado no sábado.
O FMI reviu em baixa o crescimento
da economia em 2023 para 0,5%, resultado de uma queda de 6,1% do setor
petrolífero e abrandamento do setor não petrolífero para 2,9%.
Na próxima semana, anunciou Lledo,
a vice-diretora do FMI Antoinette Sayeh vai visitar Angola em reconhecimento da
crescente importância economia e geopolítica do país, sendo também uma
oportunidade de mostrar o apoio da instituição ao governo angolano para manter
as reformas iniciadas em 2018 num ambiente global cada vez mais dificil.
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