MOVIMENTO CÍVICO DENUNCIA RAPTO DE MEMBROS
Luanda: Em Angola, dois ativistas estão em sítio incerto desde segunda-feira, após terem sido levados à força supostamente por agentes do Serviço de Investigação Criminal e da Direção de Investigação de Ilícitos Penais.
Fonte: DW
Os dois jovens são
co-organizadores de uma manifestação contra o alto custo de vida no país e
pela libertação
dos presos políticos. A polícia alega que não tem
registo destas detenções.
O facto ocorreu no
bairro Vila Alice em Luanda, minutos depois de os jovens terem deixado as
instalações da Rádio Ecclesia,
onde prestaram entrevista sobre a preparação da manifestação contra o custo de
vida e pela libertação de ativistas condenados por crime de ultraje ao
Presidente da República, João Lourenço.
Em declarações à DW,
Leonardo Marcos, secretário-geral da Unidade Nacional para a Total Revolução de
Angola (UNTRA), movimento cívico afeto ao Movimento Revolucionário, diz que os
seus companheiros foram raptados.
"Deparamo-nos com
uma Land Cruiser branca, da marca Toyota, de vidros escuros, com seis
homens totalmente armados pertencentes à secreta. Um deles estava com o colete
da DIIP (Direção de Investigação de Ilícitos Penais). Forçaram a entrada
dos nossos membros na viatura com agressões. Nós fugimos para denunciar este
sequestro", relata.
Manifestação
A manifestação está
agendada para o próximo sábado, 23 de março, e as autoridades foram informadas
sobre o evento, diz Leonardo Marcos. O ativista explica que, apesar
disso, os mentores do protesto e as suas famílias estão a ser intimidados.
"Temos
o protocols da carta assinada pelo Governo da Província de Luanda e o
assinado pelo Comando Provincial da Polícia Nacional. Não há razão para a
polícia fazer este trabalho sujo de estar a sequestrar e a ameaçar, no
sentido de nos localizar e efetuar detenções para inviabilizar a
manifestação", acrescentou.
O secretário-geral da
UNTRA deixou um apelo ao Presidente da República, João Lourenço, sobre as
alegadas violações dos direitos dos cidadãos.
"Angola é uma ditadura"
"Se não está a
aguentar assumir o Estado de direito e democrático, plasmado na Constituição da
República de Angola, que retire da Constituição o direito à liberdade de
expressão e o direto à manifestação. Pelo menosassim, teremos consciência
de que Angola é uma ditadura", desabafou.
Contatado pela DW, o
porta-voz da Polícia Nacional em Luanda, Nestor Goubel, disse não ter registo
de detenção de ativistas e prometeu apurar o caso.
A DW também procurou o
Serviço de Investigação Criminal, mas não obteve uma resposta.
Entretanto, Lourenço
Kapango, outro organizador da manifestação, apela aos angolanos a aderirem ao
protesto contra o alto custo de vida em Angola.
"Ativista não é
terrorista"
"Ativista não é terrorista, ativista não é assassino.
No dia 23, a manifestação vai sair.
Convido todos movidos pela causa a participarem", diz Kapango.
Além da referida
manifestação, no mesmo dia, 23 de março, angolanos e congoleses vão marchar a
favor da paz na República Democrática do Congo.
Em declarações à
DW, Kennedy Manuel, um dos organizadores disse que o ato visa demonstrar a
solidariedade de Angola ao povo congolês.
Ele espera que a
polícia garanta a segurança da caminhada. "Gostaríamos de apelar para que
a polícia mantenha uma postura respeitosa e não violenta durante toda a
marcha", disse.
"Sabemos que
o trabalho [da polícia] poderá ser desafiador em situação de grande
aglomeração, mas apelamos para que usem de moderação e diálogo em toda
interação com os participantes da marcha", frisou.
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