UNITA SUBMETE AO PARLAMENTO O PROJETO DE LEI ORGÂNICA DE INSTITUCIONALIZAÇÃO EFETIVA DAS AUTARQUIAS LOCAIS E MOSTRA-SE ABERTA A CONSENSO SOBRE AUTARQUIAS EM ANGOLA
Luanda: O grupo parlamentar da UNITA, maior partido na oposição em Angola, já submeteu ao Parlamento o Projeto de Lei Orgânica de Institucionalização Efetiva das Autarquias Locais.
Fonte: DW
A União Nacional
para a Independência Total de Angola (UNITA) acusa o Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA) de falta de vontade política
para a institucionalização das autarquias.
É por isso que o
maior partido na oposição remeteu à Assembleia Nacional, com caráter
de urgência, o Projeto de Lei Orgânica de Institucionalização Efetiva das
Autarquias Locais, após consulta pública.
À DW, Michaela Webba,
deputada da UNITA, afirma que este projeto denota "mais cidadania e menos
interesse político-partidário", ao contrário do projeto apresentado pelo
Governo.
A UNITA já entregou no
Parlamento o projeto de lei para a institucionalização das autarquias locais? E
o que espera o partido após esta entrega?
Nós entregámos o projeto com caráter de urgência, porque entendemos
que esta matéria já deveria ter sido aprovada pelo Parlamento na legislatura
passada, mas não foi possível. Em nosso entender, os parlamentares angolanos
não podem continuar a pactuar com uma omissão inconstitucional: a inexistência
efetiva das autarquias locais em Angola. O Parlamento deve criar, mediante lei,
a institucionalização efetiva das autarquias locais.
Que pontos fazem parte
deste projeto da UNITA sobre as autarquias em Angola?
O nosso projeto tem
como ponto forte a criação das autarquias municipais, e as pessoas normalmente
perguntam, como é que isso é possível? Isso vai arcar com uma despesa enorme
para o Estado angolano? A nossa resposta está no nosso projeto.
Nós não vamos aumentar
a despesa do Estado, não vamos reduzir a receita do Orçamento Geral do Estado,
porque seria uma lei inconstitucional. Nós vamos utilizar toda a estrutura que
já existe para a tornar naquilo que está estabelecido na Constituição.
A Constituição da República de Angola não trata das administrações municipais ou das administrações distritais, mas tem um capítulo inteiro dedicado às autarquias locais. Isso quer dizer que todas as atribuições que atualmente são exercidas pelas administrações municipais são atribuições das autarquias - então, elas têm de existir, porque assim manda a Constituição.
01:43
O Executivo do MPLA
também tem no Parlamento um projeto para o mesmo fim. O que diferencia estes
dois documentos? De mencionar que o Parlamento já fala na fusão dos dois
documentos antes da aprovação...
A primeira grande
diferença está logo no título da lei. O nosso projeto de lei é para a
institucionalização efetiva das autarquias locais. A palavra
"efetiva" denota que o autor material do diploma pretende criar as
autarquias.
A nossa proposta cria
as autarquias em todos os municípios da República de Angola, e a proposta do Executivo remete para
outra lei a criação das autarquias, estabelecendo uma série de regras para a
transição entre a inexistência e a existência das autarquias locais. Logo, não
é uma lei de institucionalização efetiva das autarquias locais.
E qual é a posição da
UNITA em relação à fusão dos dois documentos?
O grupo parlamentar da
UNITA está aberto ao consenso. Todo o pacote legislativo autárquico- as 11 leis
que foram aprovadas até ao momento - foi aprovado por consenso. Nós só
parámos na décima segunda lei, que é esta da institucionalização das autarquias
locais, porque não houve consenso.
A Constituição tinha no
artigo 242 o princípio do gradualismo, mas esse princípio deixou de
existir, e isso significa dizer que o legislador constituinte está a dar carta
branca ao Parlamento angolano para criar as autarquias locais nos termos da
Constituição.
Para quando querem a
implementação das autarquias?
Em 2022, fomos às urnas prometendo
que, em caso de exercício efetivo do poder, nós iríamos implementar as
autarquias em 2023. E é exatamente devido a esta ideia que nos
apresentamos agora. O primeiro grande diploma que nós vamos apresentar nessa
legislatura é esse projeto de lei da institucionalização efetiva das autarquias
locais.
Agradecemos a todos os
cidadãos angolanos que nos enviaram as suas propostas para melhorarmos o
diploma e nós acatamos aquilo que os cidadãos pretendem. Penso que este projeto
de lei de institucionalização efetiva das autarquias locais denota mais cidadania
e menos interesse político-partidário, porque estamos a dar a possibilidade aos
cidadãos que representamos de terem efetivamente uma voz no Parlamento.
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