GOVERNO PROMETE PUNIR ADMINISTRADORES MUNICIPAIS POR NÃO PRESTAR CONTAS
Luanda: Os deputados angolanos estão indignados com a falta de prestação
de contas do poder local. Académico defende a institucionalização urgente das
autarquias, mas a ministra das Finanças prefere prometer medidas punitivas.
Fonte: Ang24h
Dados
do relatório de balanço de execução do Orçamento Geral do Estado do terceiro
trimestre de 2023 indicam que, dos 164 municípios do país, apenas 46
conseguiram justificar o destino dado aos fundos públicos.
O
fraco desempenho dos governos provinciais e das administrações municipais foi
apresentado pela deputada do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA),
partido no poder, Nádia Monteiro, durante a discussão desse documento no
Parlamento.
A
falta de equilíbrio entre os valores alocados aos governos provinciais e as
administrações municipais com os mapas de balanço do terceiro trimestre de 2023
revelam um cenário que se tornou comum nos últimos anos, quando o assunto é
justificação de fundos públicos.
"Das
18 províncias, apenas 4 cumpriram por completo as devidas prestações de contas,
o que demonstra um nível baixo de transparência, face às dotações financeiras
recebidas do Estado", sublinhou.
"De nada servem"
Manuel
da Fonseca, deputado da bancada parlamentar da União Nacional para a
Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição, também faz
duras críticas à gestão dos recursos públicos.
"Isso
não é sério. Quatro províncias, apenas, cumpriram com o comando em termos de
prestação de contas e as demais não. Dá para ver a quantas andamos, em termos
de gestão de recursos públicos. Num exercício sério, deviam ser mandados para
casa, porque de nada servem", opinou.
O
Governo concorda com as observações dos parlamentares. Vera Daves de Sousa,
ministra das Finanças desde 2019, diz que o Executivo tem vindo a estudar
medidas punitivas a aplicar aos governos provinciais e administrações que
insistirem em não prestar contas.
"Vamos
começar a condicionar a disponibilização de verbas às instituições que não
prestam contas", avançou.
"Temos
estado a dialogar, para irmos subindo o tom para aquilo que são as medidas
dissuasoras", acrescentou.
As
reclamações não chegam apenas da Assembleia Nacional e do Ministério das
Finanças. Em relação às administrações municipais, por exemplo, dados do Fórum
Municipal de Prestação de Contas (FMC) indicam que ao nível das 18 províncias
do país, apenas quatro tiveram os seus municípios a partilhar dados sobre a
gestão de fundos públicos, bem como informações sobre a execução dos programas
de investimentos públicos com os munícipes.
Tudo
isso acontece numa altura em que vai a discussão no Parlamento, a partir do dia
16, a lei sobre as autarquias locais.
Mais
controlo local da coisa pública
O politólogo Agostinho Sicato afirma que a não prestação de contas pelos
titulares de cargos públicos é um vício que resulta do atual sistema de
governação centralizado. O investigador defende a necessidade da
institucionalização das autarquias, um modelo de governação que, do seu ponto
de vista, permite maior interação e fiscalização das ações do poder local.
"Creio
que as autarquias podem trazer uma inovação que é a fiscalização direta, do
próprio cidadão, ao seu autarca. Portanto, aqui sim, há uma necessidade urgente
de se implementarem as autarquias, porque as autarquias permitem o controlo aos
gestores da coisa pública", concluiu. DW Africa
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