ONG COBRAM TRANSPARÊNCIA SOBRE BENS DE ISABEL DOS SANTOS
Luanda: Organizações da sociedade civis angolanas exigem esclarecimentos das Procuradoria Geral da República de Angola e Portugal sobre a recuperação de ativos de Isabel dos Santos, apreendidos após o escândalo Luanda Leaks e pedem devolução ao povo angolano.
Fonte: DW-África
Organizações da sociedade
civil angolanas exigiram esta segunda-feira, aos Procuradores-Gerais
de Angola e de Portugal esclarecimentos sobre os processos de
recuperação de ativos da empresária angolana Isabel dos
Santos.
Em carta aberta, dirigida a
Hélder Pitta Gróz e a Lucília Gago, Procuradores-Gerais de Angola e Portugal,
respetivamente, as organizações Mãos Livres, Omunga, Pro Bono Angola e
Uyele referem que "as autoridades angolanas e portuguesas continuam sem se
entender no que toca à devolução
dos ativos de Isabel dos Santos apreendidos e arrestados em Portugal, na
sequência do escândalo conhecido como Luanda
Leaks".
As quatro organizações da
sociedade civil angolana solicitam "justificação cabal sobre os
impedimentos que mantém em solo português e sob a gestão das autoridades
judiciais portuguesas" dos ativos de Isabel dos Santos, filha do
ex-Presidente angolano José
Eduardo dos Santos, "em particular os valores correspondentes às
suas participações na Efacec e no EuroBIC".
Os subscritores da carta pedem
que se divulgue publicamente o real valor do investimento do Estado angolano na
aquisição da Efacec, em 2015, por via da participação da ENDE na Winterfell
Industries, a distribuição de dividendos, a existir, entre os acionistas da
Efacec nos anos 2016 a 2020 e o real valor das ações da Winterfell Industries
antes da nacionalização, em 2020.
Angola: A luta contra a
corrupção falhou?
Essas organizações pretendem igualmente
explicações sobre o montante recuperado por Angola, após a venda pelo Estado
Português das ações da Winterfell Industries em 2023 e questionam "de que
forma foi apurada a licitude dos fundos utilizados por Isabel dos Santos para
consolidar a sua posição no EuroBIC ao longo dos anos".
Os esclarecimentos que
pretendem essas organizações são também sobre qual o
valor total pago a Isabel dos Santos pelo ABANCA pelas suas participações no
EuroBIC, com o montante recuperado por Angola, através do seu Serviço
Nacional de Recuperação de Ativos, na sequência da venda do EuroBIC.
"Em que operações foram
utilizados os valores movimentados por Isabel dos Santos após o levantamento do
arresto das suas contas bancárias pela Justiça angolana? Existem investigações
em curso sobre o papel de empresas de consultoria portuguesas facilitando
alegados esquemas de branqueamento de capitais praticados através do EuroBIC? A
existirem, em que estado se encontram tais processos", questionam ainda as
subscritoras da carta.
Para estas organizações
angolanas, "o dinheiro desviado por Isabel dos Santos tem de ser devolvido
ao povo de Angola", pedindo "em nome da transparência e da
solidariedade para com as vítimas da corrupção em Angola" que seja feita
uma divulgação pública de todas as informações relacionadas com os bens de
cidadãos angolanos arrestados e confiscados em Portugal, assim como a lista
atualizada daqueles que já foram devolvidos.
Um Consórcio Internacional de
Jornalismo de Investigação (ICIJ), que integra vários órgãos de comunicação
social, analisou dados relativos aos negócios de Isabel dos Santos entre 1980 e
2018, desvendando o caminho que levou a filha do ex-presidente angolano a
tornar-se a
mulher mais rica de África, num processo que ficou conhecido como
"Luanda Leaks".
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