POLÍCIA ANGOLANA TRAVA PROTESTO CONTRA LIMITES À LIBERDADE E INTIMIDA JORNALISTAS
Luanda: A polícia angolana
travou este sábado, 31 de agosto, um protesto contra as leis de vandalismo e
segurança social que acabou com a detenção de vários ativistas e intimidação de
jornalistas, observou a Lusa no local.
Fonte: Lusa
A manifestação foi convocada
por várias associações cívicas e políticas contra as leis de vandalismo e de
segurança nacional, que os ativistas consideram conter "normas ambíguas
que limitam as liberdades" e atacar direitos fundamentais dos cidadãos.
No local marcado para a
concentração, junto ao cemitério de Santa Ana, compareceram cerca de duas
dezenas de manifestantes que dispuseram no chão alguns cartazes enquanto
esperavam pela chegada de mais ativistas, sempre sob vigilância policial, mas a
tentativa de protesto acabou passada meia hora com detenções e intimidação dos
jornalistas que estavam a fazer a cobertura.
Matulunga Kinanga, da
Sociedade Civil Contestária disse que o objetivo da plataforma cívica que a sua
organização integra é "defender os direitos", sobretudo no que diz
respeito à Lei 18/24 (Lei dos Crimes de Vandalismo de Bens e Serviços Públicos)
que, segundo o jovem, responsabiliza os promotores de atividades cívicas e visa
coartar a liberdade de expressão.
"Decidimos contestar essa
lei e apresentámos uma providência cautelar no tribunal e no gabinete da
Presidência da República com o objetivo de analisar o fim social dessa lei
(...) superviolenta a nível dos valores sociais e democráticos", criticou
o ativista.
Questionado sobre o facto de
estarem poucos manifestantes no local da concentração, onde deveria iniciar-se
uma marcha até ao Largo 1.º de Maio, ponto central de Luanda, Matulunga Kinanga
salientou que "as manifestações são todas elas reprimidas" porque as
pessoas "temem a violência policial" que "pode levar a
mortes".
A polícia disse aos
manifestantes que o protesto não estava autorizado e passada meia hora mandou
retirar todo o material, onde se liam palavras de ordem como "Abaixo as
Leis que oprimem", "Liberdade aos presos Políticos e "Lutemos por
Angola", começando a deter os jovens.
Os agentes quiseram também
obrigar os jornalistas da Lusa que faziam a cobertura, e estavam devidamente
identificados, a entrar na carrinha policial e a entregar o material
fotográfico, o que só não aconteceu devido à intervenção de um graduado.
Paulino Aurélio, jornalista do
canal Juventude Avante e colaborador da Radio Despertar, órgãos de comunicação
ligados à UNITA, maior partido da oposição angolana, que também fazia a
cobertura jornalística, estando identificado como tal, foi forçado a entrar na
carrinha com ativistas.
Em declarações à Lusa, após
ser libertado, Paulino Aurélio diz que foi submetido a um interrogatório, tendo
sido questionado sobre o partido em que votava e com que se identificava.
"Depois do interrogatório
mandaram-me embora e disseram para não voltar mais porque podia ser detido.
Senti-me muito intimidado", relatou à Lusa.
O Bloco Democrático, partido
da oposição angolana, dá conta num comunicado da detenção de pelo menos cinco
ativistas, incluindo o secretário nacional da juventude deste partido, Adilson
Manuel.
O Bloco Democrático salienta,
no comunicado, que "a Polícia Nacional continua a impedir o acesso ao
local de concentração, num ato que constitui mais um abuso de poder e um
atentado grave aos direitos fundamentais", que repudiou veementemente, instando
as autoridades a soltar os detidos.
Não foi possível confirmar até
ao momento, junto da Polícia Nacional, o número de detenções.
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