VENÂNCIO MONDLANE CONVOCA MAIS TRÊS DIAS DE MANIFESTAÇÕES EM MOÇAMBIQUE
Maputo: O candidato
presidencial Venâncio Mondlane apelou esta segunda-feira, 11 de novembro, a um
novo período de manifestações nacionais em Moçambique, durante três dias, a
partir de quarta-feira, 13, em todas as capitais provinciais, contestando o
processo eleitoral.
Venâncio Mondlane, candidato presidencial de Moçambique
Fonte: Ang24h
“Vamos nos manifestar nas
fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais. Todas as 11 capitais
provinciais (…) Vamos paralisar todas as actividades para que percebam que o
povo está cansado”, apelou Venâncio Mondlane, numa transmissão em directo na sua
conta oficial na rede social Facebook, sobre a “quarta etapa” de contestação ao
processo das eleições gerais de 9 de outubro, a qual, afirmou, terá “várias
fases” - a anunciar posteriormente -, e que, disse, é também contra os “raptos
e sequestros” e “contra o assassinato do povo”.
“Durante três dias vamos nos
manifestar. Depois faremos uma pausa”, afirmou, na mesma intervenção, que disse
ser feita desde o “exílio”, pedindo a concentração da população de todos os
distritos, até sexta-feira, em cada capital provincial, incluindo Maputo.
Um protesto que pediu para ser
alargado aos portos e às fronteiras do país, e aos corredores de transporte que
ligam estas infra-estruturas, apelando à adesão dos camionistas: “Não obrigamos
ninguém a aderir à manifestação. Passamos os valores da manifestação e quem
quiser adere”.
Sobre o impacto da
manifestação nacional de 7 de Novembro em Maputo, que levou a capital
moçambicana a um dia de caos, afirmou que nunca foi intenção realizar um golpe
de Estado.
“Se quiséssemos fazer um golpe
de Estado, teríamos feito”, disse, garantindo: “Nós não vamos desistir, nós não
vamos recuar. Já mataram muita gente”.
Mondlane garantiu que o
“objectivo não é tomar o poder à força”, e sim “pressionar as instituições”
para “que se reponha a justiça eleitoral” e se abra “uma nova página para
Moçambique”, sendo preciso para isso “todo o tipo de sacrifício”, mas apelando
a que não haja vandalizações.
Pelo menos cinco pessoas
morreram, 38 foram baleadas e 164 detidas em Moçambique no dia 7 de Novembro,
último dia da terceira etapa das manifestações convocadas pelo candidato
presidencial Venâncio Mondlane, divulgou esta segunda-feira a ONG moçambicana Plataforma
Eleitoral Decide.
Moçambique, e sobretudo
Maputo, a capital, viveram paralisações de actividades e manifestações
convocadas desde 21 de Outubro por Mondlane, que não reconhece os resultados
das eleições gerais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, que dão
vitória a Daniel Chapo e à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido
no poder).
As manifestações,
maioritariamente violentas, deixaram um rastro de destruição em Maputo, com
registo de mortos, feridos, detidos, infra-estruturas destruídas e
estabelecimentos comerciais saqueados, sobretudo a 7 de Novembro.
Segundo dados apresentados
esta segunda-feira por aquela ONG moçambicana, três das mortes ocorreram na
cidade de Maputo, uma na província de Inhambane, no Sul do país, e outra na
província de Tete, no centro de Moçambique.
A plataforma Decide
contabilizou igualmente 38 baleados, sendo a cidade de Maputo com maior número
de casos (32), seguida da província de Inhambane, com três baleados, província
de Maputo, com um, em igual número com as províncias da Zambézia, no centro do
país e de Tete.
Aquela ONG indica ainda que
das 164 pessoas detidas, em confrontos entre manifestantes e a polícia, 61
casos foram registados na capital do país, 51 na Zambézia, 25 em Nampula, no
Norte do país, oito em Inhambane, seis na província de Maputo, quatro em Sofala,
centro de Moçambique, um em Gaza, no Sul, e igual número em Tete.
A Plataforma Eleitoral Decide
acrescenta que, fora do país, em resultado de manifestações de contestação dos
resultados das eleições gerais em Moçambique, pelo menos sete pessoas foram
detidas em Angola.
Após protestos nas ruas que
paralisaram o país em 21, 24 e 25 de Outubro, Mondlane convocou novamente a
população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de Outubro, com
protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo, a 7 de Novembro,
que provocou o caos na capital, com diversas barricadas, pneus em chamas e
disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia.
BENGUELA7 A NOTÍCIA EM TEMPO
REAL
Comentários
Enviar um comentário