BLOCO DEMOCRÁTICO LAMENTA "POSIÇÃO IMEDIATA" DE GOVERNO PORTUGUÊS SOBRE MOÇAMBIQUE
Luanda: O Bloco Democrático
(BD), oposição angolana, lamentou esta quarta-feira, 25 de dezembro, a
"posição imediata" do Governo português sobre a decisão do Conselho
Constitucional de Moçambique (CC) e desafiou o executivo angolano a
"abster-se" de seguir o mesmo caminho.
Fonte: Ang24h
O BD, em comunicado enviado
hoje à Lusa, "lamenta profundamente" a "posição imediata"
do Governo português "legitimando" a decisão do CC (Conselho
Constitucional de Moçambique), que proclamou a Frelimo e o seu candidato
presidencial, Daniel Chapo, como vencedores das eleições de 09 de Outubro.
Para este partido político
angolano, a posição do Governo português traduz-se numa "tentativa de
impulsionar e liderar a posição europeia que se arrisca a ter critério duplo
[sobre as eleições em Moçambique], haja em vista o caso venezuelano e dos governos
do espaço CPLP, permitindo que o partido no poder use os meios bélicos e
instrumentos ditos legais para conter a onda popular".
O primeiro-ministro português
desejou esta segunda-feira, 23, que a transição de poder em Moçambique decorra
de "forma pacífica e inclusiva, num espírito de diálogo democrático",
depois de terem sido divulgados os resultados oficiais das presidenciais
moçambicanas.
"Concluído o processo
eleitoral pelo Conselho Constitucional e designado Daniel Chapo como Presidente
eleito de Moçambique, sublinhamos o propósito de que a transição que agora se
inicia possa decorrer de forma pacífica e inclusiva, num espírito de diálogo
democrático, capaz de responder aos desafios sociais, económicos e políticos do
país", escreveu Luís Montenegro, numa publicação na rede social X
(ex-Twitter).
O Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, tinha sublinhado a "importância do diálogo
democrático" entre todas as forças políticas de Moçambique e saudado
"a intenção já manifestada de entendimento nacional".
"Acabados de proclamar os
resultados oficiais das eleições presidenciais e legislativas pelo Conselho
Constitucional de Moçambique, o Presidente da República tomou conhecimento dos
candidatos e da força política declarados formalmente vencedores por aquele
Conselho", refere uma nota divulgada na página oficial de Belém na
Internet.
Nesta nota, o BD adverte, por
outro lado, o Governo angolano a "abster-se de seguir o mesmo caminho [das
autoridades portuguesas]", pois este "é o mesmo caminho para, de
forma calculista, debilitar o povo moçambicano através dum processo autodestrutivo
como ocorreu em Angola após as eleições de 1992", apontou.
A organização política,
liderada por Filomeno Vieira Lopes, "deplora e condena" também a
decisão do CC "avalizando a fraude eleitoral", que diz ter sido
operada pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), numa
"conjuntura de rotura entre o poder instituído e o povo moçambicano.
Diz apreciar igualmente a
resistência do povo moçambicano e a liderança de Eduardo Mondlane na defesa da
sua soberania, "contra o regime fraudulento e degenerado moçambicano
instaurado pela Frelimo".
O BD apela ainda ao povo
moçambicano para a resistência pacífica, mas determinada e conclusiva com vista
a que a verdade eleitoral seja reposta, e pressão de todas as forças
democráticas e honestas do mundo a contribuírem para uma solução para a grave
situação prevalecente em Moçambique.
Pediu também ao povo angolano
a tirar as "devidas lições e ilações", pois, frisou, em 2027 (ano de
eleições gerais em Angola) "vamos confrontar-nos novamente com as manobras
fraudulentas do irmão siamês da Frelimo, o MPLA (no poder desde 1975), na sua
ânsia incontrolada de manter o poder a todo o custo", refere-se no
documento.
De acordo com a proclamação
feita, Venâncio Mondlane registou 24,19% dos votos, Ossufo Momade 6,62% e
Lutero Simango 4,02%.
Pelo menos 56 pessoas morreram em Moçambique desde segunda-feira, na sequência da contestação aos resultados das eleições gerais moçambicanas, e 152 foram baleadas, segundo balanço feito hoje pela plataforma eleitoral decide.
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