EUA PEDE ENTENDIMENTO PARA "RESTAURAR A PAZ" EM MOÇAMBIQUE
EUA: O Governo norte-americano
manifestou hoje preocupação com o anúncio dos resultados das eleições gerais de
9 de outubro em Moçambique, apelando ao entendimento para "restaurar a
paz" no país e à responsabilização pelas mortes de manifestantes.
Fonte: Ang24h
Numa declaração do porta-voz
do Departamento de Estado, Matthew Miller, é referido que os Estados
Unidos da América (EUA) “estão preocupados com o anúncio”, feito segunda-feira,
pelo Conselho Constitucional de Moçambique, relativamente às eleições gerais de
9 de outubro, que deram a vitória à Frente de Libertação de Moçambique
(Frelimo, no poder), e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo.
Recorda que “organizações
da sociedade civil, partidos políticos, meios de comunicação social e
observadores internacionais, incluindo os dos EUA, citaram irregularidades
significativas no processo de apuramento, bem como preocupações com a falta de
transparência durante todo o período eleitoral” e apela “a todas as partes
interessadas para que se abstenham da violência e se envolvam numa colaboração
significativa para restaurar a paz e promover a unidade”.
“Os responsáveis pelas
violações dos direitos humanos, incluindo o assassinato de manifestantes e de
dirigentes partidários e o uso excessivo da força pelas forças de segurança,
devem ser responsabilizados. Os moçambicanos merecem eleições livres de violência
e que reflitam a vontade do povo. Os EUA apelam a todas as partes interessadas
para que se comprometam com reformas eleitorais e institucionais sérias para
garantir o futuro de Moçambique como uma verdadeira democracia multipartidária”,
acrescenta a declaração do Departamento de Estado.
O Conselho Constitucional de
Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado
pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da
eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a
Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar,
nas eleições gerais de 9 de outubro.
Este anúncio provocou caos
em todo país, com manifestantes nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos
com a polícia, que está a realizar disparos para tentar a desmobilização, com
registo de pelos três mortos e vários feridos, segundo levantamentos
provisórios de organizações não-governamentais no terreno.
A contestação, que desde 21 de
outubro já provocou a morte de pelo menos 120 pessoas, tem sido liderada pelo
candidato Venâncio Mondlane, que segundo o Conselho Constitucional obteve 24%
dos votos, e que não reconhece os resultados oficiais.
A proclamação destes
resultados pelo Conselho Constitucional confirmou a vitória de Daniel Chapo,
jurista de 47 anos, atual secretário-geral Frelimo anunciada em 24 de outubro
pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas na altura com 70,67%.
“Chegou a hora de pensarmos
com calma e serenidade sobre a melhor forma de criar uma realidade democrática
que representa a riqueza, a diversidade do país. Esse diálogo é chave para
superar as nossas diferenças”, afirmou Chapo, logo após a proclamação dos
resultados.
Além de Venâncio Mondlane,
também Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, até
agora maior partido da oposição) e Lutero Simango, presidente do Movimento
Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar), ambos candidatos
presidenciais, anunciaram que não reconhecem os resultados eleitorais.
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