ACJ- “O EMPODERAMENTO DA MULHER NÃO PODE SER VISTO COMO UM FAVOR QUE TENHA DESTAQUE NA PROPAGANDA POLÍTICA COM O PROPÓSITO DE MANIPULAR A OPINIÃO PÚBLICA”
Benguela: O presidente da UNITA, maior partido na oposição em Angola, disse na manhã desta terça-feira, 12 de Março, em Benguela, que o empoderamento da mulher não pode ser visto como um favor que tenha destaque na propaganda política com o propósito de manipular a opinião pública.
Readação: Benguela7
Adalberto Costa Júnior, ao discursar na abertura na III reunião ordinária do comité nacional da Liga da Mulher Angolana (LIMA), braço feminino da UNITA, disse igualmente que o empoderamento da mulher deve ser visto como uma conquista condenada e produto do que ela representa e que se traduza de forma natural.
“Só com essa visão, a mulher pode participar da vida pública de forma livre e independente, conferindo-lhe um ascendente na contribuição para a construção de uma sociedade livre e melhor para todos”, disse.
Segundo o líder da UNITA, a reunião da LIMA tem
lugar num momento muito particular do país, com desafios imensos no plano político, com o agravamento da crise
econômica e no pico do movimento social reivindicativo por direitos e retribuições mais justas aos trabalhadores.
Disse ainda que o país todo sofre os efeitos de
uma governação que tem apenas um objetivo, a manutenção do poder, por qualquer preço.
Para o líder dos maninhos, os desafios que a
sociedade enfrenta são inúmeras, sublinhando aquelas que são consideradas as
principais prioridades numa agenda sobre a mulher de Angola, numa agenda para Lima.
“E as prioridades são o assédio sexual sobre uma
mulher”, considerando que este é um momento muito importante para a sociedade refletir.
“Para dizer que este é um dos problemas mais candentes numa província como o Benguela. Onde uma parte daqueles que são proprietários de investimentos em Angola, alguns estrangeiros, abusaram sem limites das mulheres e das crianças, sem que as autoridades reajam de forma adequada”, referiu.
Uma outra das questões fundamentais é a falta de oportunidades, para as mulheres, segundo Adalberto Costa Júnior.
A diminuta presença de mulheres, a falta de oportunidades de mulheres em cargos de chefia, as desigualdades salariais entre homens e mulheres que fazem o mesmo tipo de serviços, a elevada quantidade de famílias chefiadas exclusivamente por mulheres sem a presença de homens que abandonaram seus lares, ainda são questões a serem resolvidas, segundo Adalberto Costa Júnior.
“Outra questão são os problemas de saúde mental e
de violência de todos os níveis, em especial a prática do feminicídio que infelizmente continua a
matar muita mulher no nosso país”, sublinhou.
O número um dos maninhos, também mostra-se preocupado com o tratamento discriminatório das meninas nas aldeias e mesmo nas cidades, onde sobre elas recai todas as responsabilidades de serviços nos lares.
“São estes os aspectos nucleares que a sociedade,
e com certeza esta reunião, deve saber encontrar respostas e soluções para garantir assim uma sociedade mais justa
e melhor para todos”.
Para o presidente do maior partido na oposição, esta reunião do Comitê Nacional de Lima deve debruçar-se sobre os valores éticos que se têm diluídos todos os dias à vista desarmada, distanciando-se de referentes mínimos aceitáveis numa sociedade como a violência sexual e doméstica, que é uma realidade preocupante com a qual nos batemos no dia a dia.
“Já falei aqui do assédio sexual no trabalho, que diminui a autoestima e a capacidade conceitual da mulher, colocando-a numa condição de vulnerabilidade. Também é necessário melhorar a representatividade política”, frisou.
Disse ainda, “Temos de discutir a forma como é
abordada a mulher trabalhadora em regime ambulante, a que, pejorativamente, se trata por zungueiras.
Temos de pôr fim à cultura que, em termos práticos, já está
institucionalizada de desvalorização, de subalternização e de
humilhação da mulher”, disse, considerando que O empoderamento da mulher não
pode ser visto como um favor que tenha destaque na propaganda política com o propósito de manipular a opinião pública.
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