DESAFIOS DOS TRABALHADORES NA REALIDADE ANGOLANA REFLETIDA EM MESA REDONDA EM BENGUELA
Benguela: Face a greve geral da função pública que teve o seu início esta segunda-feira, 22 de Abril, os professores sentaram a mesma mesa para analisar “os desafios dos trabalhadores na realidade angolana”, conferenciado em mesa redonda, pelos membros da CGSILA (Central Geral de Sindicatos Independentes Livres de Angola), professores do ensino geral e universitários.
Redação: Bernardo Angolano
O painel composto pelos professores Adelino Cativa, Silvano Ngunbe, Victorino Victorino e Sónia Cabral, serviu para abordar vários assuntos que preocupam os trabalhadores da função pública, principalmente os do ramo da educação.
O professor Adelino Cativa, diz que a greve é de lei e disse que defender o trabalhador, é defender o país, afirmando que o trabalhador em Angola, é um mendigo e entende, o ensino só está como está, sem qualidade, porque o executivo esqueceu que a maior riqueza dum país, é o homem, “e este professor reduzido em nada, sem nenhum investimento, não pode dar o que não tem”, realçou.
O também porta-voz do SINPROF, saindo em defesa dos companheiros, disse que o professor “guerreia” com o “mísero” salário, está a apenas a lutar para sobreviver.
Acrescentou ainda que muitos professores estão a contrair doenças por causa do giz.
“Motivo da causa de várias doenças respiratórias como pneumoconiose, a inalação repetida das pequenas partículas de pó, pode ocasionar um processo inflamatório dos pulmões, danificando o órgão. Com o tempo, o sistema de defesa do organismo não consegue combater as substâncias, causando alterações pulmonares. o que significa, pode criar problemas de saúde de longo prazo devido à superexposição. Resumindo, engolir um pedaço de giz branco não mata uma pessoa, mas, respirar a poeira por vários anos pode criar ou desencadear problemas respiratórios. Professores e alunos também inalam uma porção, que geralmente fica presa nas camadas de muco da garganta e da parte superior dos pulmões”, rebateu, o professor Adelino Cativa (Ade).
O ensino superior apesar de terem um aumento de 100 por cento, também aderiram a greve, solidarizando-se com os professores do ensino geral, segundo Silvano Ngumbe, a pesar de reconhecer que o mesmo pequeno aumento dá um ligeiro avanço aos docentes universitários.
Silvano Ngumbe exige do executivo angolano a evoluir para os quadros interativos ligado a Internet e rechiar as bibliotecas.
O docente universitário, entende que o reajuste salarial devia abranger todos, justificando, o aumento de 30 mil kwanzas, para o ensino geral, não resolve o problema. O mesmo intender que o ensino geral, está a ser desprezado pelo executivo angolano, sendo, ser a fase escolar que tem mais trabalho de lapidar o saber, “devemos ser justos”, afirmou, o docente universitário Silvano Ngumbe.
De igual modo, o docente defende que a linguagem gestual e as línguas nacionais devem estar no sistema curricular angolano devido a sua grande importância. “Se nós somos um só povo e uma só nação, então devemos incluir todos”, frisou, afirmando que a língua representa uma identidade cultural.
“Na constituição no seu art. 1º, fala das línguas nacionais, mas não aprofunda, e depois fala das línguas estrangeiras. O que acontece é que realmente, nós, estamos a lecionar o inglês e o Francês, e deixamos para trás as línguas nacionais. Isto me fez lembrar quando os colonos chegaram e tínhamos que mudar de nome para sermos pessoas e irmos ao céu. Temos que desconstruir esta forma de pensar e valorizar mais o que é nosso”, disse.
O decente lamenta pelo facto do secretário de Estado para educação, Eugénio da Silva, mesmo sabendo que se está em greve, veio à Benguela, no ISCED (Instituto Superior de Ciências de Educação), para reunir com os gestores das escolas, desrespeitando o direito à greve.
“Isto é sabotagem, coação”, disse, considerando ser como um crime.
Já para Sónia Cabral, secretária provincial da CGSILA, apesar de reconhecer de o governo ter bons projectos, mas peca por falta de orçamentos para a manutenção. Para além do problema do giz, denunciou que o sector da educação ainda enfrenta vários problemas como a falta de manuais escolares e carteiras.
A também Secretária Provincial do SINPROF (Sindicatos Nacional dos Professores), questionada a qualidade de ensino, que para a professora, o país está longe.
“Como querem qualidade de ensino quando um professor é obrigado a lecionar 21 turmas? Isto significa lecionar 1050 alunos para um professor! imaginam isto, assim queremos qualidade? Como queremos qualidade, se o professor é obrigado a se reinventar! É formado numa ária, e leciona em outra?”, indagou.
Por seu turno, Victorino Victorino, defende condições primarias, alojamento e condições de ensino, para professores que lecionam fora das localidades. No seu intender, essas e outras razões, contribuiu para a paralisação total dos trabalhadores e não por dinheiro, mas sim, por condições de trabalhos.
Reagindo aos pronunciamentos do presidente do MPLA, João Lourenço, na última reunião com os camaradas, de que até ao mês de junho os professores do ensino geral, terão os seus salários reajustados no valor de 30 mil kwanzas, o professor Adelino Cativa, considera vergonhoso, tais pronunciamentos de JLO e intendi, que o também Chefe de Estado, agiu de maneira unilateral e sem antes negociar com as centrais sindicais.
“O
governo deve ser ajudado com verdades e não com palmas falsas”, disse,
encorajando os trabalhadores a aderirem à greve para pensarmos o país,
“esperamos que o executivo pensa em nós e estamos esperançosos em acreditarmos
em assar a carne no lume do cigarro”, concluiu.
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