POLÍCIA NA HUÍLA DETÉM POR ALGUMAS HORAS JORNALISTAS QUE COBRIAM MANIFESTAÇÃO E APREENDEM SEUS EQUIPAMENTOS DE TRABALHO
Huíla: Os efetivos da Polícia Nacional, afectos à Unidade de Reação e Patrulhamento (URP), detiveram nesta quinta-feira, 06 de fevereiro, jornalistas aos serviços da Rádio Eclésia, Benguela7 Angola, Na Mira do Crime e da Rádio ISPI, que cobriam uma manifestação realizada pela população do bairro Tchituno, no Lubango, província da Huíla. O protesto ocorreu no centro de distribuição da ENDE.
Redação: Benguela7 Angola
Os agentes da polícia exigiram que os jornalistas entregassem seus equipamentos de gravação e os obrigaram a subir na viatura de patrulhamento para serem interrogados sobre o motivo da reportagem, mesmo após se identificarem. Além disso, os profissionais foram ameaçados para que não divulgassem informações sobre o ocorrido.
Posteriormente, a polícia começou a expulsar a imprensa do local, afastando os jornalistas da ocorrência.
Os profissionais envolvidos lamentaram a atuação dos efetivos da URP, defendendo que a corporação deveria agir com mais cautela a fim de evitar que algum agente seja responsabilizado criminalmente.
Durante a manifestação, a polícia também agrediu vários participantes com chicotes, incluindo uma senhora que responde pelo nome de Avelina Ngueve. Após ser espancada, a mesma perdeu o telefone no local.
Avelina Ngueve revelou que estava em frente à ENDE reivindicando melhores condições de fornecimento de energia elétrica no bairro Tchituno, Zona 3, quando os agentes chegaram e começaram a agredir os manifestantes.
"Meu telefone caiu na confusão", afirmou.
Ressaltou ainda que o seu bairro está mal com a falta de eletricidade há muito tempo.
"Já enviamos várias queixas à ENDE, mas até agora não houve qualquer resposta. Continuamos a viver na escuridão. Apenas metade do bairro tem acesso à energia elétrica, e isso contribui para o aumento da criminalidade, com marginais armados usando tanto armas de fogo quanto armas brancas", denunciou.
Neste momento, segundo Avelina Ngueve, dois manifestantes foram levados pela polícia.
A população criticou a atuação da URP e pediu que a polícia adote uma abordagem mais pedagógica.
"Não podem simplesmente chegar e bater. Estamos a nos manifestar porque temos razões legítimas. O governo precisa garantir melhores condições de vida para a população, como acesso à água e energia elétrica", afirmaram os moradores.
Por sua vez, o comandante da Polícia Nacional de Unidade Reação e Patrulhamento (URP) na Huíla, superintendente Guilherme Chipa, reprovou a atuação dos seus efetivos e garantiu que tomará medidas contra os agentes que agiram de forma inapropriada contra os jornalistas no exercício das suas atividades profissionais.
Segundo ele, a polícia foi surpreendida por um grupo de manifestantes que interditou a via nas imediações da ENDE, mas já tomou as medidas necessárias para acalmar a situação.
Já o Sindicato dos Jornalistas Angolanos na Huíla, Almícar Silvério, manifestou a sua insatisfação com o comportamento dos agentes da Polícia Nacional afectos à URP, que confiscaram equipamentos dos jornalistas que estavam em pleno exercício das suas funções:
De acordo com o secretário do SJA, na Huíla, Almícar Silvério, a polícia é responsável pela proteção dos cidadãos, não por impedir os jornalistas de exercerem seu trabalho.
"Fique bem claro: os agentes da polícia devem cumprir suas responsabilidades. Não me recordo de ter lido em nenhum artigo da legislação do país que a função da polícia seja reter jornalistas e seus equipamentos de trabalho. Nestes 50 anos de independência, as instituições devem crescer e aprender qual é seu verdadeiro papel. O que a polícia fez hoje foi uma triste actuação", concluiu o secretário provincial do Sindicato dos Jornalistas na Huíla.
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